sexta-feira, 23 de setembro de 2016

A pessoa com deficiência na minha história de vida.

Pensar a pessoa com deficiência em minha me fez relembrar fatos que eu já havia esquecido, mas que rapidamente retornaram à minha memória, lembro-me que tinha uma tia avó com algum tipo de deficiência mental, que ficava quietinha e já não interagia com as pessoas, como eu era bem pequena, não tenho muitos detalhes sobre o caso dela, e ela já faleceu. Quando adolescente, conheci um menino surdo, tínhamos uns 13 anos, ele era muito inteligente, frequentava escola regular com a gente e conseguia falar, era oralizado. Na verdade, não me lembro de vê-lo utilizar a Língua de Sinais Brasileira.
Mas o que me chamou a atenção é que , sendo eu apaixonada por línguas, principalmente Língua Estrangeira, logo que ingressei na UFSCar para cursar Letras,fui promovida de secretária da escola de inglês onde trabalha para professora de inglês para crianças (1 a 4 série)  para algumas turmas, em alguns períodos em que eu não lecionava cheguei a atuar como auxiliar de sala em salas onde alguns alunos necessitavam de atenção especial. Nesta época cheguei a trabalhar com um aluno autista que adorava escalar as paredes da escola, mas que nunca me deu nenhum tipo de problema, lembro-me que ele ficava apático nas aulas e que fazia alguns rabiscos. Outra aluna que me marcou era uma menina, de outra sala que não se movimentava da cabeça para baixo e que andava presa à sua cadeira de rodas, sempre alegre e feliz e rodeada de coleguinhas qua a ajudavam em tudo que ela precisava. Me lembro também que as crianças agiam normalmente com esses colegas, de igual para igual.
Quando jovem,no início de minha carreira, não me deparei com alunos com deficiência em sala de aula, então não tinha tido até o ano de 2016, nenhuma preocupação com minha prática docente para alunos com algum tipo de deficiência.
Em 2016, já trabalhando no IFSP, lembro-me da minha primeira reunião antes do início das aulas, nessa reunião, há poucos dias do início do ano letivo, fomos informados que teríamos uma aluna com deficiência auditiva no Ensino Técnico de Redes de Computador  integrado ao Ensino Médio. Assim, do nada. Eu gelei. Fiquei com medo. Não sabia nem como abordar uma pessoa com este tipo específico de deficiência. Tive medo...
Recebemos algumas orientações da intérprete que a acompanharia durante as aulas. A insegurança continuou. E agora. 39 alunos sem deficiência específica, a princípio, e ela, a menina surda.
As aulas começaram, a intérprete nos pedia para enviar a matéria com antecedência, nós enviávamos, ela interpretava...aos poucos, eu, professora de português e de inglês dela; ela, a surda e a intérprete  começávamos a nos entender, e nós três, unidas conseguimos criar uma nova língua... não era LIBRAS, Inglês, Português, nem espanhol (o quatrilho em que me encontro na minha vida atual)... era a linguagem do amor, da dedicação, do esforço e da crença de que tudo é possível ao que crê... e não é que deu certo! Hoje, graças a essas duas pessoas maravilhosas que fazem parte da minha história com o IFSP, já fiz um curso à distância de LIBRAS, estou fazendo outro e pretendo aprender mais dessa língua tão singular na minha história.